Visionário à frente do Rock in Rio, Roberto Medina sempre acreditou no poder da música e da experiência ao vivo para movimentar a economia e projetar o Rio de Janeiro no cenário mundial. Agora, ele dá um novo passo com o Imagine, iniciativa que vai ocupar o Parque Olímpico durante todo o ano, transformando a região da Barra da Tijuca em um eixo contínuo de lazer, cultura e negócios. Em entrevista exclusiva ao HotéisRIO, Medina detalha como o projeto pode impactar diretamente a hotelaria carioca, reduzir a sazonalidade e criar um novo calendário turístico para a cidade.
1. O Rock in Rio sempre foi um catalisador de turismo para a cidade. Agora, com o Imagine funcionando durante todo o ano, o que podemos esperar em termos de fluxo contínuo de visitantes?
O Imagine é uma virada de chave. O Rock in Rio já mostrou o potencial que o Rio tem quando oferece uma experiência completa que traz música, emoção, serviço, segurança, entre outros fatores. Agora, com o Imagine funcionando o ano inteiro, vamos além. O Parque Olímpico vai deixar de ser um espaço subutilizado e vai se transformar num verdadeiro polo de entretenimento permanente. A estrutura viária da cidade, com metrô, BRT e acesso fácil, torna isso tudo possível. A rede hoteleira está pronta e ainda poderá crescer mais. Estamos falando de um Rio que vai pulsar cultura e lazer 365 dias por ano. Isso naturalmente gera fluxo, movimenta a economia, atrai turistas e devolve autoestima para a cidade.
2. Como o Imagine pode contribuir para ampliar o calendário turístico da cidade e reduzir a sazonalidade na ocupação hoteleira?
Essa é uma das grandes sacadas do projeto. O Imagine tem vocação para ocupar o calendário da Cidade todos os meses do ano com conteúdos inéditos, eventos temáticos. Sem falar de datas já existentes, como Natal, Halloween, Carnaval fora de época que podem se intensificados e ter seus produtos “spin offs” que conversem com o momento… tudo pensado para manter o Rio vibrando o tempo inteiro. Isso ajuda a quebrar a sazonalidade, a manter hotéis e restaurantes cheios, dá estabilidade para o setor e transforma a Barra da Tijuca num eixo turístico contínuo. Com isso, estamos criando um novo calendário para a cidade.
3. O Imagine prevê eventos como Natal, Carnaval, Oktoberfest, Halloween… Esses eventos serão pensados também como atrativos turísticos de hospedagem, a exemplo dos grandes festivais internacionais?
Neste primeiro momento, o Imagine está projetado para se somar a estes eventos. Mas, com certeza, eles podem ter desdobramentos dentro do Imagine, sim. A gente olha para fora e entende o que funciona. Não queremos copiar, o que queremos é surpreender! Esses eventos têm potencial turístico enorme. A ideia é que cada data seja vivida como uma grande experiência que engloba cenografia, música, teatro e tecnologia. Vai ter brinquedo, sim, mas o diferencial vai ser o ao vivo. Essa é a nossa essência e as pessoas também estão buscando isso cada vez mais: viver a vida ao vivo. A Disney tem o Mickey, a gente tem o Rio, a praia, o samba, a cultura popular, a emoção… Vamos transformar esses ativos em motivos para o turista vir, se hospedar e se encantar pela cidade.
4. Estudos da FGV estimam que o projeto Imagine pode movimentar mais de R$ 45 bilhões nos primeiros cinco anos. Parte significativa desse impacto deve vir da rede hoteleira. Já há diálogo com esse setor?
Ainda não iniciamos esse diálogo de forma ampla porque estávamos focados em primeiro tirar o projeto do papel. Agora, com o sinal verde da Prefeitura, é justamente a hora de construir essas pontes. O impacto para o setor hoteleiro é direto e positivo. Vai ter mais gente vindo, mais noites ocupadas e mais oportunidades. A gente acredita que o Imagine pode, inclusive, impulsionar a criação de novos empreendimentos na região. É um projeto que mexe com o turismo, sim, mas também com a indústria imobiliária, com a percepção da cidade como destino de qualidade.
5. Existe algum tipo de parceria, pacote ou articulação com hotéis da Barra da Tijuca e do entorno para receber os visitantes do Imagine?
Ainda não. Mas esse é um caminho natural e já está no nosso radar. A gente vai se aprofundar nisso nos próximos meses. A proposta é integrar o entorno ao projeto. A Barra tem estrutura, tem beleza natural e agora vai ter também conteúdo o ano inteiro com o Imagine. Isso muda tudo. Vamos abrir essa conversa com o setor hoteleiro com o mesmo espírito de colaboração que tivemos com o Rock in Rio. Quando todo mundo ganha, a cidade cresce junto.
6. Como o Imagine pode contribuir para o fortalecimento da hotelaria na região, especialmente em áreas que ainda sofrem com subutilização do legado olímpico?
Esse é um dos grandes legados que a gente quer deixar. O Parque Olímpico é uma joia que estava adormecida. O Imagine chega para dar vida a esse espaço, trazendo conteúdo, estrutura, fluxo de pessoas e percepção de segurança. A presença constante de público muda a visão sobre o lugar. Isso atrai investimento, fortalece a hotelaria, aquece o comércio, valoriza o entorno. Estamos falando de um ciclo virtuoso. Um projeto desse porte tem poder de transformar realidades.
7. O projeto prevê um resort com 750 apartamentos, além de coworking, centros corporativos e áreas para a indústria criativa. A ideia é oferecer uma experiência integrada de hospedagem e negócios?
Sim. A gente acredita muito na integração das experiências. O Imagine vai ter um resort, sim, mas também um prédio corporativo com vista para o parque, espaços para a indústria criativa, áreas de convivência, coworking, entre outras atrações para o público. O objetivo é criar um ecossistema. Será um lugar onde a pessoa poderá trabalhar, se inspirar, se divertir e se conectar. Acredito que esse seja o futuro das cidades, com espaços que geram vida o tempo todo. E o Rio merece estar na vanguarda disso.
8. Que tipo de transformação o senhor espera que o Imagine provoque na relação do carioca com o turismo e na forma como o Rio é percebido por quem nos visita?
A gente quer que o carioca volte a se orgulhar da sua cidade. Que ele veja o Rio pulsando, recebendo bem os turistas e oferecendo experiências únicas. O Imagine é sobre isso: devolver brilho ao olhar de quem vive aqui e causar encantamento em quem chega de fora. O mundo vive um momento difícil, e as pessoas buscam escapes. Como disse, elas querem viver a vida ao vivo. O Imagine é justamente esse lugar mágico, vibrante e vivo. A gente não vai reproduzir a Disney. Vamos criar a nossa própria história. Com muito samba, com praia e com calor humano. Isso só o Rio tem.