A região portuária do Rio de Janeiro segue em transformação com novos empreendimentos residenciais de grande porte, como parte do projeto Porto Maravilha. Entre os destaques recentes estão o lançamento de um conjunto com mais de 1 mil apartamentos na Praça Marechal Hermes, no Santo Cristo, e outro com centenas de unidades da Cury Construtora. O movimento busca dinamizar a ocupação do centro expandido da cidade.
Para o setor de hotelaria, a revitalização é bem-vinda, principalmente pela possibilidade de novos polos de serviços, cultura e turismo, que ajudam a movimentar a economia urbana. No entanto, o presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes, pondera que o sucesso dessa nova fase do Porto dependerá de um planejamento atento à sustentabilidade da ocupação. “É fundamental que o número de novos ocupantes acompanhe o ritmo da oferta imobiliária, para evitar o risco de unidades desocupadas gerarem custos adicionais aos investidores, como IPTU e condomínio”, destaca.
Lopes também lembra que o eixo corporativo do Rio sofreu mudanças importantes nos últimos anos, o que pode influenciar a atratividade da região. “Houve uma migração significativa de empresas para a antiga Zona Oeste, agora Sudoeste. Grandes empresas, como a Vale, trocaram o Centro pela Barra da Tijuca, o que sinaliza uma mudança estrutural que precisa ser considerada nesse redesenho urbano”, avalia.
Muitos são do tipo apartamento studio, um espaço único, sem paredes separando os ambientes, ou seja, sala, quarto e cozinha são integrados em um único cômodo, à exceção do banheiro. São geralmente apartamentos com 40 m², em média.
Os empreendimentos são lançados com a promessa de rentabilidade garantida por meio de anúncios em plataformas como o Airbnb. Inicialmente, o proprietário ou investidor é atraído pela ideia de não precisar aportar recursos adicionais, acreditando que a exploração comercial do imóvel será suficiente para cobrir despesas e gerar retorno. No entanto, a realidade é bem diferente: a sazonalidade do mercado compromete a ocupação ao longo do ano e, no caso do Centro da cidade, a ausência de atrativos consolidados dificulta ainda mais a sustentabilidade dessa promessa.
“Espero que os investidores e proprietários saibam exatamente onde estão investindo e a que preço. Basta observar o exemplo da Barra da Tijuca e do Recreio: mesmo em áreas com grande potencial turístico, ainda não dispomos de um calendário de eventos suficientemente robusto que garanta uma ocupação linear ao longo de todo o ano”, adverte Lopes.