Diante do esvaziamento do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Riogaleão) e a superlotação do Santos Dumont, o Governo Federal, através do Ministérios dos Portos e Aeroportos, decidiu limitar o número de embarques e desembarques no segundo terminal que, em 2022, recebeu mais de dez milhões de passageiros, superando a sua capacidade máxima. A superlotação do Santos Dumont já está gerando atrasos de voos na ponte aérea Rio-São Paulo e, até mesmo, filas para o uso de escadas rolantes. Enquanto isso, o Galeão tem um movimento pífio diante da sua estrutura e capacidade operacional.
A Infraero, no entanto, tomou uma medida polêmica nesta semana. A entidade aumentou a capacidade de embarques do Santos Dumont para mais de 15 milhões de passageiros, sem a execução de obras ou mudanças operacionais necessárias. Enquanto isso, o Galeão que tem capacidade para receber 37 milhões de passageiros por ano, recebeu menos de 6 milhões.
Diante de tamanha desproporção, o ministro Márcio França (PSB), anunciou nesta sexta-feira (7), que pretende reduzir a capacidade do Santos Dumont para menos de 10 milhões de passageiros, e aumentar a movimentação do Tom Jobim que, segundo o ministro, “é central para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Já foi uma referência importante no Brasil e vai voltar a ser”.
No dia 24, França deve se encontrar com Eduardo Paes (PSD) e Cláudio Castro (PL), para apresentar as propostas elaboradas pelo governo federal para equalizar a situação dos dois terminais. Márcio França afirmou que qualquer decisão tomada será comunicada às duas autoridades.
Eduardo Paes, por seu turno, quer uma solução urgente para a disparidade que interfere no turismo e na economia da cidade.
“Na hora que você tira todos os voos domésticos, de conexão com o Galeão, e leva para o Santos Dumont, superlotando Santos Dumont, naturalmente as companhias internacionais que fazem conexão do Rio com o mundo perdem o interesse de vir para o aeroporto do Galeão. O Rio perde duas vezes, perde conexões domésticas no Galeão e perde voos internacionais que poderiam estar vindo para a nossa cidade”, afirmou o prefeito do Rio, segundo o Jornal Nacional.
Paes também criticou a decisão de Infraero de aumentar a capacidade de passageiros para 15 milhões, quando o terminal com 10 milhões já está apresentando problemas.
“Só não vê quem não quer! O Aeroporto Santos Dumont virou a única fonte de receita da estatal Infraero! Ou seja: quanto mais voos mais receita. Para complementar, ajuda a inviabilizar o Galeão. Ao inviabilizar o Galeão, o operador privado da concessão e quem assume? A Infraero.Com isso, a estatal ganha mais um aeroporto para chamar de seu e ganha receita”, disse Paes em uma rede social, por meio da qual chamou de “canalhice” a medida tomada pela Infraero. Para ele, a capacidade dos Santos Dumont deve ser menor que os atuais mais de 10 milhões de passageiros, de forma que não haja danos para as partes envolvidas.
Desde 2014, o Galeão é administrado pelo consórcio RIOgaleão e controlado pela empresa de Singapura Changí, que no ano passado sinalizou que queria abandonar o contrato por falta de passageiros. A ação, no entanto, foi neutralizada pela RIOgaleão que assinou um termo aditivo para uma relicitação do aeroporto que, em 2012, recebia 17,5 milhões de passageiros por ano. De lá para cá, excetuando Copa do Mundo de 2014 e pelos Jogos Olímpicos de 2016, o número de passageiros não voltou a crescer.
A decadência do Galeão é longa. Dois episódios relacionados a companhias aéreas foram importantes na debacle do terminal. O primeiro está relacionado a Azul que, desde o início, queria investir no Santos Dumont. O então governador Sérgio Cabral tentou intervir, forçando a Azul a operar no Galeão, argumentando que o Santos Dumont tinha capacidade operacional limitada. A Azul, no entanto, ganhou a quebra de braço na Justiça, com a revogação da portaria, a qual restringia as atividades no terminal a aeronaves pequenas e do tipo turboélice. O segundo episódio aconteceu, em 2019, com a falência da Avianca Brasil, que tinha no Galeão um dos seus centros operacionais.
Vale lembrar ainda a concorrência da malha internacional que priorizada o hub paulista, que conta com o Aeroporto Internacional de Guarulhos e de Congonhas, para receber as companhias áreas globais. No 1º bimestre de 2023, Guarulhos registrou uma movimentação de 6,5 milhões de passageiros, ultrapassando a movimentação do Galeão em todo 2022. No ano passado, mais de 34,4 milhões de viajantes passaram pelo terminal interacional, mais que o dobro dos 2 aeroportos do Rio. Congonhas, por sua vez, recebeu 18 milhões de passageiros, em 2022. Com isso, São Paulo demonstra que dois aeroportos podem coexistir de forma racional, eficiente e lucrativa.
As informações são do Jornal Nacional e do site Poder 360.